Por um instante eu fui uma Pitonisa no Templo de Apolo.
De 05 a 21 de agosto serão disputadas 306 (trezentos e seis) medalhas pelos Jogos Olímpicos de 2016.
Durante dezessete dias, homens e mulheres de diversos lugares do mundo superarão seus limites e farão tudo pelo amor ao esporte.
É o momento destes competidores se sentirem heróis.
E nesse tempo de expectativa em assistir os jogos olímpicos aqui, na cidade do Rio de Janeiro, nada como participar de exposições, ler livros, assistir reportagens sobre este evento e buscar mais informações sobre a terra que originou esta arte.
Reavivar a história! E os porquês, só a história responde.
A Grécia, da época antiga, foi composta por uma civilização que visava a formação física, intelectual e artística do homem. Desta forma, ela influenciou todo o mundo com a sua cultura. Deste país, além dos jogos olímpicos, originaram-se a democracia, a filosofia, a literatura, a lógica, a história e a arte.
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Minotauro Foto cedida por Andreia Fortes |
Passeando no fim de semana, eu encontrei a exposição sobre este Legado da Grécia.
Tudo muito lindo e quase real.
Tudo muito lindo e quase real.
Foi quando eu vi o Minotauro e me assustei, confesso.
Cavalo de Troia |
Medusa |
Arte, história, deuses e o cavalo de Troia.
E o encanto maior foi ver e estar no espaço reservado ao Templo de Apolo, o Oráculo de Delfos. Especial foi caminhar sob aquela representação e imaginar como era. Senti-me uma pitonisa, por um instante.
E pesquisando a história deixo registrado, aqui no blog, partes do texto do autor Voltaire Schilling juntamente com o meu resumo sobre como era realizado as adivinhações no Oráculo de Delfos.
A História Sagrada
O Oráculo de Delfos (o Templo de Apolo) teve uma grande influência na colonização grega. Pertencia originalmente a Gaia, que o passou a filha Têmis. Depois disso, ele foi de Febe e só no fim foi habitado por Apolo. Esses eram deuses que falavam com os homens através dos oráculos. O Templo foi o centro religioso do mundo helênico, entre 1200 e 1100 a.C, tendo célebres previsões, resultando a passagem de milhares de peregrinos por aquelas terras.
Segundo o texto de Voltaire Schilling, a lenda diz o seguinte:
“Querendo medir com exatidão o centro do mundo, Zeus fez com que duas águias fossem soltas de lugares opostos da Terra. Quando o voo das duas se cruzou, ali, bem embaixo, o todo-poderoso determinou ser o local do onfalos, o umbigo do mundo - uma pedra situada nas cercanias do monte Parnaso. Anunciou a todos, então, que dali ele entraria em contato com quem desejasse fazer-lhe consultas ou pedir-lhe orientações."
Mas neste local havia uma imensa e monstruosa píton, que acabava com qualquer tipo de aproximação. Apolo se prontificou a combater, e conseguiu matar a serpente nesta luta. Os restos mortais da píton foram enterrados embaixo do solo do templo. Com este feito o templo ganhou mais status.
Para curiosidade, é do nome Píton (tipo de serpente) que se deriva o nome das sacerdotisas do templo, sendo chamadas de as Pitonisas - Pitonisas de Delfos.
A Preparação
Havia uma preparação antes da consulta com as Pitonisas. Para chegar até a porta do Templo de Apolo, os peregrinos passavam por um longo trajeto.
Neste caminho eles faziam ofertas e libações na fonte sagrada de Castalla. A água desta fonte servia para purificar os peregrinos antes da consulta ao oráculo. Próximo da fonte tinha uma rocha que continha a seguinte frase: "Ao bom peregrino basta-lhe uma gota, ao mau, nem um oceano poderia lavar a sua mancha".
A Consulta
Voltaire Schilling conta o seguinte em seu texto: “A questão para a qual se desejava uma orientação era firmada numa tabuinha de argila e, em seguida, levada à uma das sacerdotisas, chamadas de pitonisas (referência à Píton). Entendida a mensagem, ela recolhia-se para o interior do templo e, sentada num trípode (um banco de três pés), começava a aspirar os "vapores divinos" que emanavam das rachaduras abertas no chão.
“Dava-se, então, o momento do transe, quando a pitonisa, sob efeito do “fumo sagrado”, começava a dizer coisas sem nexo, palavras cifradas que aparentemente não tinham nenhum sentido, mas que eram religiosamente anotadas pelos sacerdotes.”
A Linguagem Sibilina e as Sibilas
Voltaire Schilling conta mais: “Esta linguagem críptica, confusa e enigmática, ficou conhecida como "Sibilina".
Este nome se deu em homenagem a pitonisa mais famosa que tinha o nome de Sibila. E este nome foi adotado por várias outras sacerdotisas do oráculo.
Devido a um ato violento que sofreu uma destas Pitonisas, adotou-se o princípio de somente admitir mulheres maduras, de mais de 50 anos e que não fossem atraentes para não estimular mais tal tipo de brutalidade.
Os Consulentes
A procura pelas previsões era muita e as marcações das consultas demorava um bom tempo. Naquele tempo não havia poder que acabasse com os serviços dos adivinho e magos. Uma multidão passava naquela terra sagrada e mágica. Com o passar dos anos, outras instalações foram construídas para abrigar os visitantes, formando um verdadeiro complexo de pequenos santuários, habitações e pousadas para acolher aquela gente toda.
As previsões seriam dadas aos peregrinos que necessitassem saber do seu destino, família e pátria. A maioria desses consulentes eram reis, tiranos, generais e conquistadores, inclusive os comandantes romanos que ocuparam a Grécia no século II a.C e outros famosos da época.
Em 385 o local foi fechado pelo imperador Teodósio, por ocasião da sua campanha anti pagã, pois o cristianismo encaminhava-se para tornar-se a religião oficial do Império Romano e via aquele espaço oracular como um centro da superstição a ser combatida.
Depois de tantos séculos, o Oráculo de Delfos (o templo) já se encontrava em total decadência, naufragando com o declínio do paganismo. Foi quando o iconoclasta imperador Juliano, o Apóstata (331-363), mandou fazer uma consulta ao oráculo, dizem que a resposta enviada a ele pelos sacerdotes que ainda ali restavam foi: "Diga ao rei isso: o templo glorioso caiu em ruínas; Apolo já não tem um teto sobre a sua cabeça; as folhas dos lauréis estão silenciosas, as fontes e arroios proféticos estão mortos".
Hoje, o Sítio Arqueológico de Delfos encontra-se classificado como Patrimônio Mundial pela UNESCO.
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Sítio Arqueológico de Delfos |
No Templo de Apolo haviam muitas inscrições das máximas e preceitos atribuídas aos sete sábios da Grécia, ficamos com esta sentença:
“Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. (c. 650 a.C.-550 a.C.)
E está tudo bem perto, está dentro de nós.
Basta conhecer.
Sabedoria!
Basta conhecer.
Sabedoria!
Até as próximas caminhadas.
Referências:
- Franchini, A. S. - As 100 melhores histórias da mitologia: deuses, heróis, monstros e guerras da tradição greco-romana/ A. S. Franchini / e/ Carmen Seganfredo. - 113 ed. - Porto Alegre: L&PM,, 2013
- Voltaire Schilling - Oráculo de Delfos: o umbigo do mundo - http://noticias.terra.com.br/educacao/historia/oraculo-de-delfos-o-umbigo-do-mundo,20080231a76da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
- Delfos - Grécia - Turismo Grécia http://www.turismogrecia.info/guias/grecia/grecia-delfos
- Voltaire Schilling - Oráculo de Delfos: o umbigo do mundo - http://noticias.terra.com.br/educacao/historia/oraculo-de-delfos-o-umbigo-do-mundo,20080231a76da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
- Delfos - Grécia - Turismo Grécia http://www.turismogrecia.info/guias/grecia/grecia-delfos